2010 e mais música

Falei num post anterior sobre o DVD da Fernanda Takai. Então aqui vão algumas considerações sobre ele: se outros artistas brasileiros resolvessem fazer um show tão bacan, simpático e bem arranjado como esse, o cenário musical brasileiro seria realmente show.
A direção musical de John Ulhoa - cujos talentos foram mais do que comprovados pela carreira do Pato Fu - aliada aos arranjos minimalistas e elegantes (vou usar muito essa palavra aqui) de Lulu Camargo dão o toque absolutamente charmoso ao set list muito bem escolhido. Calcado, evidentemente, no disco gravado por Fernanda em homenagem a Nara Leão, mas com uma boa série de surpresas. O que mais chama a atenção é o fato de que o show foi muito bem ensaiado, as músicas estão sendo tocadas sem o menor esforço pela excelente banda, composta dele, John nas guitarras, violões e teclados, de Lulu Camargo nos teclados, Thiago Braga no baixo e violão e a bela Mariá Portugal, cuja bateria simples e elegante e vocais que complementam lindamente os vocais de Fernanda, são um dos pontos altos desse show. A versão em japonês para "O Barquinho", turbinada com bateria e arranjo mais rápido é simplesmente uma das coisas mais divertidas feitas no Brasil em anos recentes.
A mistura inclui Michael Jackson ("Ben"), Roberto Carlos ("Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos"), Eurythmics ("There Must Be An Angel") entre outras preciosidades como a versão de "Odeon" e "Sinhá Pureza". Partes do show foram filmadas em preto e branco, o que amplifica o minimalismo. Recomendo. Ou melhor, RECOMENDO.
Outro presentinho de minha adorada cara-metade, foi, como já mencionei, a caixa Salve Jorge! Só o que posso dizer é que o homem é realmente um gênio. Sei, muitos já sabiam disso. A produção dele, dos anos 80 para a frente, incluindo o sucesso reencontrado com WBrasil, etc., está muito aquém do material incluído nessa caixa, que reúne seus discos gravados entre 1963 e 1978. Ouvi quase a metade deles e o bacana de fazê-lo dessa forma é que a evolução do artista é muito mais clara. Os arranjos vão ficando mais elaborados, o estilo vai-se formando. Felizmente para todos nós a gravadora, àquela época, não sabia o que tinha nas mãos. Forçando Jorge Ben a gravar com violão, quando ele já tocava guitarra, forçou-o a passar por essa adaptação em seu estilo. Mas ele tinha que que tocar daquele jeito, o único que ele conhecia. E assim nasceu o samba-rock. Jorge Ben, com Jor ou sem (perdoem a rima) é, definitivamente, um dos artistas brasileiros mais influentes do século XX.

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