Segurança X Seguro Obrigatório
É dever de todo cidadão cobrar de
seus deputados. Cobrar e dar sugestões para seu trabalho. Mas, essencialmente,
cobrar deles que façam seu trabalho. Nunca dei maior atenção ao que nossos
ilustríssimos representantes fazem, pois na maior parte das vezes, parece
tarefa inútil.
Hoje foi diferente. Escrevi um
e-mail para um deputado apoiando um projeto de lei de sua autoria. E ainda fiz
sugestão de outro.
O Código de Trânsito Brasileiro
está por aí há já bastante tempo. Entretanto, todos os seus pontos necessitam de
regulamentação do CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito. Pois bem. O art. 54 do CTB diz:
"Art. 54. Os condutores de
motocicletas, motonetas e ciclomotores
só poderão circular nas vias:
I - utilizando capacete de
segurança, com viseira ou óculos protetores;
II - segurando o guidom com as duas
mãos;
III - usando vestuário de proteção,
de acordo com as especificações
do CONTRAN."
Excelente. Só que há 16 anos esse
inciso III espera por regulamentação. Enquanto isso aumentam as estatísticas de
vítimas fatais ou não envolvidas em acidentes de trânsito envolvendo
motociclistas. Muitas dessas vítimas poderiam ter tido suas vidas poupadas.
Aqueles que sofreram danos físicos, poderiam não tê-los sofrido. Pelo menos não
com gravidade. Fato é que até hoje apenas o uso correto do capacete foi
regulamentado. E ainda assim, as barbaridades que se vê nas ruas todos os dias
são de deixar qualquer um estupefato.
O Deputado Federal pelo PSD/SC
Onofre Santo Agostini apresentou o PL 3206/2012, pelo qual tenta regulamentar,
de uma vez por todas, o uso obrigatório de equipamentos de segurança como
jaqueta, botas, luvas, calças compridas e capacete (este já obrigatório). Pela
primeira vez em muito tempo um deputado tenta aprovar uma lei que realmente vai
beneficiar a classe motociclística como um todo, em vez de, como alguns de seus
colegas, simplesmente apresentarem projetos de leis estapafúrdios, sem qualquer
embasamento técnico, com o único propósito de angariar votos entre aqueles que
são "religiosamente contra" qualquer coisa que tenha a ver com
motocicletas e seus usuários.
Não resisti e enviei e-mail ao
deputado, declarando meu apoio ao PL, como motociclista há 30 anos e fazendo
ainda uma sugestão que, para mim, complementa e reforça a lei, objeto de seu
PL: isenção de impostos para equipamentos de segurança motociclística. Nisso
incluo capacetes, jaquetas, luvas, calças e botas apropriadas para a condução
segura de veículos de duas rodas motorizados ou não. Não conheço pessoa alguma
que compre uma jaqueta específica para uso motociclístico - e aqui distancio
minha colocação do estereótipo do motoqueiro com jaqueta de couro, coletinho
com brasão nas costas, etc. - e a utilize na balada, por exemplo. Por que não isentá-los, então, de impostos, para que assim custem menos e sejam mais
acessíveis. Isso beneficiaria, principalmente, aqueles mais são vïtimas no
trânsito: os motofretistas. Esses profissionais, não raro, trabalham até 18
horas por dia sobre a moto, para tirar um, dois salários mínimos ao mês. Ainda tem que
manter suas casas, famílias e a moto, seu ganha-pão. Exigir que esses
profissionais gastem em torno de R$ 700,00 para terem uma jaqueta de boa qualidade
e um capacete razoável é pedir demais. Um par de luvas de uso urbano de boa
qualidade sai em torno de R$ 80,00 - R$ 100,00. Acha-se produtos mais baratos,
mas não dão a segurança necessária, nem de longe.
Isso exigiria, ademais, regulamentação
do setor, com requisitos mínimos na fabricação. Quando comprei uma moto há 3
anos, ganhei um capacete da concessionária. Tive vontade de destruir o capacete
na frente deles, pois era de tão péssima qualidade que não tive coragem de
usá-lo. Mas tinha, entretanto, o selo do INMETRO, o que me faz desconfiar de
seus métodos de avaliação.
O projeto de lei do deputado
catarinense, caso seja motivado pelos motivos certos, vai com certeza
contribuir para a redução nas estatísticas negativas envolvendo motociclistas.
Mas vai precisar da contrapartida da redução nos custos de aquisição do
equipamento, bem como da devida fiscalização nas ruas.
Pilote seguro. Pilote equipado.
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